segunda-feira, 2 de abril de 2012

O CONSULTORIO DA ARMANDO SALLES DE OLIVEIRA 35

O CONSULTÓRIO DA ARMANDO SALES DE OLIVEIRA 35





Dr Simão tinha ido ao Bradesco comprar ações. Foi feita uma distribuição de dividendos, com opção de compra de até cem por cento.  O médico comprou as ações e pela quinta vez me repetiu. Poderia ser dono realmente do banco. Dr. Simão nunca se arrependia do que fez e sempre com bom humor e um sorriso, contava suas venturas e desventuras.

O consultório da Armando Salles era antigo, Dr. Simão era sucessor de outro médico, Dr. Brandão que saiu para administrar Bradesco.

O sistema Bancário nos anos cinqüenta era completamente diferente do que temos hoje. As folhas de cheque chegaram a ser vendidas em papelarias; e, isto eu me lembro, posteriormente quando os talões já vinham com o nome impresso, se meu talão acabasse, era só pedir uma folha emprestada a um amigo, que fazendo uma observação no verso do mesmo: Emprestado para Antonio, eu poderia utilizá-lo. Valia a assinatura e não o nome e a conta.

Também não havia serviço de compensação, um cheque de uma cidade distante, obrigava a deslocar um funcionário até a referida cidade, munido do cheque, e pegar o dinheiro. Poderia ter de se esperar até mês, por um cheque de um local distante.

Em Marília existia a Casa Bancaria Almeida, ente outras. Havia várias instituições em cada cidade. Estamos nos anos quarenta. Nela trabalhavam o Sr. Laudo Natel como guarda livros, nome dado ao contador, e o Sr. Amador Aguiar; que Dr. Simão descreve como uma inteligência brilhante. Os Almeidas resolveram viajar a Europa.

A viagem para Europa nos anos quarenta era difícil, longa, de navio e cansativa. Deste modo a programação da viagem era permanecer meses no Velho Continente, para que compensasse. O que foi feito.

Na ausência dos Almeidas, Sr. Amador Aguiar, que já tinha uma parte do banco, juntamente com o Sr. Laudo Natel, o contador, acharam por bem fazer um aporte de capital de deis contos de réis, para cada acionista novo ou velho. Daí a origem dos deis contos (descontos). Dr. Brandão adquiriu uma parte, Dr. Simão não.  O Sr. Amador Aguiar também comprou algumas partes. Houve, portanto um aumento de capital, da qual os Almeidas não participaram. Tanto é que ao voltar de viagem, não eram mais os principais proprietários do banco.

O Banco expandiu, com o capital novo injetado, a São Paulo. Dr. Brandão deixou o consultório da Armando Salles para o Dr. Simão e foi se dedicar a atividade bancaria, O Sr. Laudo Natel foi a Capital e terminou por ser Governador de Estado e a capacidade administrativa de Amador Aguiar fez a potência que hoje é o Bradesco.

Este consultório doutor Simão me transferiu e posteriormente foi passado a Dr. Gláucio casado com sua neta. Acabou por fim fechado por não mais atender as solicitações da época.







Adendo: As histórias que pesquisei na Internet são um pouco diferentes, mas este relato[depoimento] me foi repetida várias vezes, por alguém que era vice-prefeito e colaborador próximo de Getulio Vargas. Como Memória da Cidade, para a qual foi escrita, é um relato a ser confirmado. É válido o registro. Creio que todos os atores da transação já são falecido.





02/04/2012

www.tony-poeta.blogspot.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário