O CUIDAR E OS PRESENTES
Quando iniciei meu trabalho como Médico, Dr. Simão de
Andrade Ribeiro me cedeu uma sala, isto em 1975, na cidade de Marilia. Dr.
Simão, já aposentado, além de Médico havia sido vice-prefeito pelo PTB e foi
próximo a Getúlio Vargas e outros lideres do partido.
Na primeira eleição para prefeito e vereadores que
acompanhei perto dele, sem participar, com sua sagacidade falou:- O Pedro Ortiz
se elege e, os médicos candidatos, havia vários, não!
Pedro Ortiz era amigo e se aconselhava com ele, visitava o
consultório com frequência. Vinha de família muito pobre e continuava pobre;
mas era quem fornecia a medicação no INPS, muita das quais receitadas pelos
médicos concorrentes à vereança.
Não deu outra. Pedro Ortiz se elegeu e, os médicos ficaram
fora. Foi quando ele me explicou:- As pessoas querem sair com alguma coisa na
mão. O médico dá um pedaço de papel e ele o remédio. O povo gosta do objeto
material. O remédio vai para sua casa.
Realmente o afeto requer demonstração. Os dois lados, tanto
os médicos como o Pedro eram pessoas afetuosas, lembrar que a medicina na época
ainda seguia a escola francesa e todo doente era examinado minuciosamente. [A
medicina de laboratorial de hoje, muito exagerada, veio para atender a pressão
dos EUA que brigavam com os laboratórios Europeus e visava, como ainda visa, a
venda de material de análise.]. Portanto o Cuidar que é à base de toda área médica,
[a cura é consequência] era equivalente nos dois atores. O que diferenciava,
era exatamente o presente, representado pela medicação entregue.
Vamos exemplificar. Maria fica doente. João seu namorado vai
visita-la. Este está preocupado tenso, realmente querendo cuidar da amada, todos
os afetos estão intensificados. A presença e o cuidado dele vão realmente
sensibilizar Maria. Ele se retira, toca o telefone, ela começa a conversar com
as amigas. O namorado passa para segundo plano e, o papo com a amiga se
intensifica.
Agora, vamos supor que o mesmo João levou flores [ou outro
presente qualquer, que tenha significado]. Após ele sair, na conversa da amiga
ao telefone, as flores serão citadas e João permanecera vivo na conversa. Ou
seja, ele permaneceu presente com a demonstração material do afeto. Ele DEU
duplamente o afeto, com a sua presença e, com as flores.
Portanto o cuidar tem uma interface pessoal, mas também a
material. É exatamente esta que é usada pela propaganda politica e na politica.
A compra de votos: pode ser qualquer objeto que toque afetivamente o eleitor.
Creio que será muito difícil definir o quê está ou não
comprando o voto, pois a afetividade não é mensurável por nenhuma máquina. Como
no exemplo citado incialmente.
Um conselho: Sempre leve um presente para a amada ou o
amado, funciona.
21/09/12
Tony-poeta
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