sexta-feira, 21 de setembro de 2012

O CUIDAR E OS PRESENTES


O CUIDAR E OS PRESENTES


 

 

Quando iniciei meu trabalho como Médico, Dr. Simão de Andrade Ribeiro me cedeu uma sala, isto em 1975, na cidade de Marilia. Dr. Simão, já aposentado, além de Médico havia sido vice-prefeito pelo PTB e foi próximo a Getúlio Vargas e outros lideres do partido.

Na primeira eleição para prefeito e vereadores que acompanhei perto dele, sem participar, com sua sagacidade falou:- O Pedro Ortiz se elege e, os médicos candidatos, havia vários, não!

Pedro Ortiz era amigo e se aconselhava com ele, visitava o consultório com frequência. Vinha de família muito pobre e continuava pobre; mas era quem fornecia a medicação no INPS, muita das quais receitadas pelos médicos concorrentes à vereança.

Não deu outra. Pedro Ortiz se elegeu e, os médicos ficaram fora. Foi quando ele me explicou:- As pessoas querem sair com alguma coisa na mão. O médico dá um pedaço de papel e ele o remédio. O povo gosta do objeto material. O remédio vai para sua casa.

Realmente o afeto requer demonstração. Os dois lados, tanto os médicos como o Pedro eram pessoas afetuosas, lembrar que a medicina na época ainda seguia a escola francesa e todo doente era examinado minuciosamente. [A medicina de laboratorial de hoje, muito exagerada, veio para atender a pressão dos EUA que brigavam com os laboratórios Europeus e visava, como ainda visa, a venda de material de análise.]. Portanto o Cuidar que é à base de toda área médica, [a cura é consequência] era equivalente nos dois atores. O que diferenciava, era exatamente o presente, representado pela medicação entregue.

Vamos exemplificar. Maria fica doente. João seu namorado vai visita-la. Este está preocupado tenso, realmente querendo cuidar da amada, todos os afetos estão intensificados. A presença e o cuidado dele vão realmente sensibilizar Maria. Ele se retira, toca o telefone, ela começa a conversar com as amigas. O namorado passa para segundo plano e, o papo com a amiga se intensifica.

Agora, vamos supor que o mesmo João levou flores [ou outro presente qualquer, que tenha significado]. Após ele sair, na conversa da amiga ao telefone, as flores serão citadas e João permanecera vivo na conversa. Ou seja, ele permaneceu presente com a demonstração material do afeto. Ele DEU duplamente o afeto, com a sua presença e, com as flores.

Portanto o cuidar tem uma interface pessoal, mas também a material. É exatamente esta que é usada pela propaganda politica e na politica. A compra de votos: pode ser qualquer objeto que toque afetivamente o eleitor.

Creio que será muito difícil definir o quê está ou não comprando o voto, pois a afetividade não é mensurável por nenhuma máquina. Como no exemplo citado incialmente.

Um conselho: Sempre leve um presente para a amada ou o amado, funciona.

 

21/09/12

Tony-poeta

 

 

 

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