O jogo do São Paulo
Juvenal se preparava para a final do primeiro turno. Era São
Paulo e Guarani, jogo difícil, só valia a vitória, se empatasse era disputado
nos pênaltis.
Chegou à sala. Uma sala simples que dava acesso a duas portas.
Uma à cozinha, onde Maria, sua mulher preparava os salgadinhos para o bar que
tinham na frente. Jonas e Deise estavam no bar e ele cuidava do Netinho de
cinco anos, o Guto.
Rex, o vira-lata da família andava livremente, já o garoto,
só podia ficar na sala, não podia ir onde estava fritando e, muito sapeca não
deixavam sozinho no quarto.
Juvenal colocou a cerveja e o copo na mesinha ao lado, dois
maços de cigarros; não gostava nem de pensar em ficar sem eles no jogo, a
dentadura, o cinzeiro e, começou a assistir.
O jogo estava duro, o menino e o cão estavam o deixando
nervoso. Volta e meia dava um:- Fica quieto e continuava fixo na TV.
Intervalo, zero a zero. Foi ao banheiro devolveu a cerveja,
aproveitou para despejar as bitucas no vaso sem Maria notar, ela costumava
ficar brava. – É para não dar tosse no garoto, pensou ele. Buscou outra cerveja
na cozinha e sentou.
Tudo continuava igual, o jogo difícil, o moleque e o
cachorro recebendo broncas, ele fumando sem parar e tomando cerveja.
Final do segundo tempo, zero a zero. Iria para os pênaltis.
Juvenal estava muito nervoso. Pegou outra cerveja. Jogou as bitucas e sentou.
Resolveu por ordem:
- Guto, você senta do lado do vô, não dá nenhum piu até
acabar o jogo.
Estava batendo o primeiro pênalti, o menino quieto, o
cachorro fazendo estripulia, até que correu para o quarto. Na hora que o São-paulino
chutou, Guto puxou o calção do vô:
- Vô...
-Cala a boca, não falei. A bola foi para fora. O menino
começou a chorar.
O atacante do Guarani bateu o pênalti, a bola entrou.
- Cala a boca moleque, chora baixo, falou já visivelmente
descontrolado.
Acabou o jogo, o São Paulo perdeu. Chateado, quase chorando,
às vezes chorava quando o time perdia, foi consolar o menino.
- Não falei para ficar quieto, viu o São Paulo perdeu; o que
você queria dizer:
- O Rex roubou a sua dentadura.
19/09/12
Tony-poeta
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