segunda-feira, 4 de junho de 2012

A COPA NOVA

A COPA NOVA






Estava saindo para uma entrega. Tinha comprado uma escrivaninha numa loja de móveis usados. Foi o único lugar que achei uma que coubesse exatamente no espaço que era reservado. Era sábado, hora do almoço. A loja não abriria mais à tarde.

Telefonaria para Ana me buscar, mas gentilmente o dono da loja me ofereceu uma carona; isto após fazer uma rápida entrega de um conjunto de copa. Saí, junto com o dono da loja e o motorista da caminhonete, que trabalhava na entrega.

- Para onde vai esta copa? Perguntou Isac dono da loja,

- Pouco depois da Nova Marilia, respondeu Severino, o motorista.

- Você sabe chegar lá?

- Sim, já levei alguma coisa para o Senhor José, faz algum tempo que esta construindo e já comprou da gente.

A Nova Marilia era um bairro que estava abrindo na periferia da cidade. Nunca tinha ido lá. Nem sabia que depois havia alguma coisa. Fiquei intrigado, sabia que era longe.

Aproveitei para olhar a expansão da cidade, já que tinha aceitado a carona. Sempre não me dou bem quando fico ansioso, e estava para colocar a escrivaninha no espaço. Era exatamente do tamanho e iria ficar perfeita. Era um móvel bonito de madeira maciça. Coisa que estava rareando.

Passamos o núcleo em formação e andamos mais uns dez minutos. Chegamos a uma casa de madeira. Era lá.

Pensei comigo, desço dou uma mão; ajudo no que posso e vamos logo embora.

- Dr. Carlos! Que prazer o ser estar na porta de minha casa. Lourdes vai ficar contente, o senhor curou a mãe dela, lembra? Era o Seu João.

- Sim! Realmente não lembrava. Fui levado para dentro da casa, que para eles era nova, com toda a alegria e a melhor recepção.

Era uma casa de madeira de segunda mão, não a casa e sim a madeira. Conforme construíam novas casas da alvenaria nos bairros mais centrais, estas eram vendidas a um preço acessível desde que o comprador as retirasse. Por muito tempo, o predomínio foi de casas de madeira na cidade. Eram, portanto baratas.

Existia um pessoal habituado, que fazia um pequeno alicerce e reconstruía a casa, com uma ou outra modificação. Depois tinha de ser feita a calafetação e, a pintura, ainda não realizada, que conservaria o madeiramento. A casa tinha copa, sala e três quartos. Adequada e confortável para a família. Cozinha e banheiro num puxado fora.

Lourdes ao me falar da doença da mãe conseguiu me fazer recordar. Enquanto o pessoal se desmanchava em gentileza escutei:

- Não cabe!

O armário não entrava na copa. O terreno tinha um desnível de menos de um metro. Foi resolvido fazendo o piso de madeira mais alto. A porta ficou mais baixa, o armário não passava.

A família decepcionada ficou parada olhando inconsolada. Até que Seu João falou:

- Vamos ter que trabalhar o fim de semana. Não posso deixar o móvel e os mantimentos para fora. Jurandir segura um cheque. Ele tem mais madeira. Vamos buscar.

Despedi-me, saímos por um lado; ele para o outro para buscar a madeira. Lourdes parecia contente de ganhar mais um cômodo e, o banheiro ficar dentro de casa.



04/06/2012




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