quarta-feira, 30 de maio de 2012

A RELIGIOSA


A RELIGIOSA




Isabel estava preocupada com Giseli, desconfiava que estivesse dando em cima de Gustavo, seu marido. Ele sempre teve fama de mulherengo e Giseli era flor que não se cheire, sempre arrumando encrencas e dando barracos.

Pensava ela: - mais seis meses, limpando o nome saímos deste cortiço, afinal foram dois anos vivendo de bicos e favores. Mas agora Eu e Guga, empregados vamos, se Deus quiser mudar realmente para uma casa e sair deste muquifo.

A casa que Isabel morava era na verdade um quarto. Genésio, um agiota da região fez um longo barracão num terreno estreito, e o dividiu em quartos que mal cabia uma mesa, uma cama e um armário. A cozinha e o banheiro ficaram para fora economizando encanamento. As divisões eram em meio tijolo, de modo que tudo que se falava era ouvido pelos vizinhos. Cada quarto tinha uma história e uma família e, sem privacidade.

Fim de semana era um horror, sempre tinha um casal brigando feio, a molecada fazendo estardalhaço e tinha gente que ainda conseguia ter uns vira-latas que latiam e avançavam; mas como estavam refazendo vida, tinham que aguentar. Só a incomodava a tal de Giseli.

Dona Gení era religiosa, mãe de Giseli da qual não parecia dar conta, a filha era estúpida com a mesma; mas era muito querida pelos moradores. Sempre se apressava para apaziguar um casal, participava dos atendimentos aos favelados da comunidade que ficava no final do quarteirão. Isabel até falou com ela de sua preocupação de Gustavo e sua filha, mas foi tranquilizada:

- Eu nunca vi nada entre os dois.

Gustavo saia duas horas antes e chegava também antes em casa. Isabel entrava e saia mais tarde da tecelagem onde trabalhava. O marido duas horas solto, como ela dizia: a preocupava.

Certo dia queimou o transformador da indústria. Saiu antes. Passou como de costume na padaria no ponto final do ônibus, para comprar pão e leite.

 Não se comia em casa durante a semana, a firma de ambos fornecia as refeições. Lembrou-se de olhar nos dois botecos do caminho, para ver se o marido não estava batendo papo. Foi para casa com um pressentimento ruim. Lá chegando o marido não estava, mas mochila estava em cima da mesa. Tinha ido a algum lugar. Pensou:

- Vou até a Izilda ver se vieram os cremes que encomendei. Esta moça vivia de vender a domicilio, vendia cremes, perfumes, roupa intima, enfim o que fosse possível. Morava três casas acima da dona Gení. Para lá se dirigiu.

Passando em frente à casa de Dona Gení, ouviu um risinho de Giseli e a seguir uma voz de homem, parecia de Gustavo. Aproximou-se da parede, era dele mesmo. Nervosa deu um tranco na porta e, esta se abriu.

Lá estavam seu marido e a Gisele nus na cama. Atordoada olhou em volta para ver o que fazia, quando se deparou com Dona Gení imóvel entre o guarda-roupa e a parede onde encostava a cabeça, realmente não vendo nada.



30/05/2012






Nenhum comentário:

Postar um comentário